Hoje sei que a tentação voltou a mim
Sei quem hoje se despediu sem dizer adeus
A vontade de ceder mais uma vez
Olho para trás e nada me revive
As paredes sufocam-me e apertam-me
O espelho deixou de me reflectir
Sou opaco e transparente em simultâneo
Planos relutantes mas sempre existentes
Sinto a guerra dentro de mim a fervilhar
Mais um saborear e tudo desaparecerá
As ruas estreitam e a luz deflecte no passeio
Vejo me fora de mim e voo alto
Breves os segundos mas fatais, auto infligido
Nem me despeço de mim porque?
Ando ou vagueio
Que interessa, sei o que preciso e nada me trava
Nem o desejo, a.....
O Céu desapareceu com o seu anjo mais brilhante
Resta-me fervilhar no inferno e desgasta-lo tambem
O disco gira e gira sem cessar
Repetidamente na mesma nota
Até ele parece querer um pouco deste vazio
Mais uma entrou como liquido refrescante
O meu próprio corpo se encolhe
Quem usa quem neste mundo?
Ah, agora sim ceder, sem sentir culpa
Agora antes que me esmague neste mundo pequeno
Está ele a encolher ou são o dilatar dos meus olhos?
O corpo já nem sente e a mente essa esta a vaguear
Ah, a paz, a satisfação, o desinteresse mundano
Nem me sinto respirar, o paraíso do vazio em mim
Agora que as pupilas estão desfocadas
O corpo feliz e alma apaziguada
Deslumbro a agulha na minha mão moribunda
Afinal ainda preciso de mais
Sempre mais, só mais um pouco
És o vício que preciso
Esta agulha com que te escrevo
Não me chega, preciso de ti junto de mim.
Amor que sinto por ti é a única droga pela qual chama o meu corpo, tu o seu exclusivo prazer. Não tenho medo de me viciar em ti, até porque já estou. O teu medo, a falta de fé em mim, é a única moeda que não tenho para te pagar. Os meus olhos só veem o que sinto.
Foto: www.alentejolitoral.pt
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