Levanto-me agora com o soar das horas
O céu está repleto de cicatrizes que choram comigo
Volto a fazer a cama, mais uma vez não estas aqui
Mas fito te do outro lado, quase sinto a tua mão
Um nevoeiro que me auxilia a faze-la
E sorris para mim, e recebes o meu sorriso de volta
Gélido, amargurado, nublado e esbaforido
Será que estou a relatar o tempo que faz agora lá fora?
Ou será que descrevo o que sinto depois de tentar
Mas não conseguir agarrar esse nevoeiro que és tu
Essa figura que não é presentemente real?
O teu espírito mais límpido que a mais pura agua
A tua perfeição mais fina que a mais branca das areias
E tal como a elas, não as consigo aprisionar
Por mais que tente, foges me por entre os dedos
Largando para trás apenas beleza e desejo de mais
Porque redijo tudo isto, cada vez mais?
Será que sou efectivamente eu a faze-lo?
Ou será a tua voz que vem ter comigo, encaminhada pelo vento?
E possui-me esteja onde estiver, e me faz escrever e tremer?
É isto o que sentes, desejas e almejas? Eu é
Não desejo que esperes muito de mim
Pois eu só te desejo dar este mundo e outro
Não te imploro por muito mas
Se me deres uma rosa
Eu sei que te darei um jardim
Dou por mim a fazer o pequeno-almoço
Olho para trás e vejo te deslumbrante
A examinar os teus papéis, a beber da tua chávena
Fitas me docemente, enquanto te acaricio o cabelo
Mas não passa de uma faísca efémera do que pode vir ser real
Penso no tempo que ainda sobeja
Para acordar contigo a meu lado e te beijar
Para me ajudares a fazer esta cama onde sonho contigo
Nunca vi a terra prometida
Mas acredito que juntos vamos lá residir
Tu e eu para sempre amantes e livres.
Ainda não te disse hoje, mas digo-o agora
Amo-te
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