O meu codigo postal

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Existe em mim
O sitio que habitas
Que me faz perder no fugir da noite
O sentimento aninhado no peito
A olhar para as memorias de cumplicidade
Mas não quero que a morada seja a tua a força
Não quero ficar parado numa casa ao abandono
Mas também não te obrigo a entrar nela
Se lá estas é porque nem a casa é abandonada
Nem eu estou a impor te em mim
Se me rasga o peito quando te penso
É porque isso me faz sentir vivo
Por isso ainda me faz vibrar o coração
Que me salta nos olhos
E se deita nas minhas mãos
Com isso me fazes sorrir de mil cores
Andar em bicos de pés
Ao som do instrumento que me toca a melhor melodia
Um amor súbito que se transformou em duradouro
E um pedaço de mim
Voa e voa
E sonha e sonha
Tu serás sempre o meu código postal
E eu o remetente.
Sempre sem medo
O único, é me impor em ti
Tu nunca te vais impor em mim
Se estou certo?que importa.
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Sorrir.

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Simples margens
Ruas praticamente obrigatórias
De sentido único , sem margem para inversão de marcha
Rio que não olha para trás
Nada tem para recordar
Pontes que não se podem atravessar
Solidão que não parece desviar da luz
Que bate forte criando uma sombra
Tao escura e tão fria.
Não floresce nada neste jardim
Ta demasiado liso e gasto
A árvore final que restava
Foi cortada por já poder ser abraçada
Estava já oca por dentro.
Nos passeios só ainda respira
Medos poucos, da noite que se avizinha
Já viram muita coisa
Agora resta apenas o medo da noite...
As mesas a cadeiras estão vazias
Faltam o dominó e as cartas a dançar nelas
Tudo está vazio.
O lago ta sem brilho
A espera de morrer ...
Simples margens
Vou tentar passar a ponte então para ver o outro lado
E apenas sorrir.
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Primavera eterna.

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Outra sexta feira
E tenho o peito mais apertado que o dia que te conheci
Um dia que transformou o meu ser
Por vezes tão de outono
Para algo mais verde e primaveril
Os teus olhos prenderam me lá
E agora é lá que vivo
Numa primavera constante
Onde fui entrando sem me aperceber
Sem estar preparado
Sem tão pouco tentar resistir
Abri completamente o coração ao teu olhar
Entreguei a minha alma a tua voz
Deixei tu aberto
Nesta primavera onde nem fecho portas nem janelas
Um local abençoado para mim agora
Onde penduro o teu rosto sorridente por onde passo
Em cada parede deste local onde vivo
Não para me recordar de ti
Mas porque tenho saudades desse rosto
Mais uma sexta feira.
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Bom dia?

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Não são poucas as madrugadas
Mas também talvez não sejam as suficientes
Que olho o resto do céu ainda estrelado
Prestes a desaparecer com o amanhecer
Mas onde as constelações mais brilhantes ainda resistem
E pergunto me
Porque não estas aqui
Quero te beijar
Porque não estas aqui?
Quero te sorrir
Onde estas?
Quero que vejas isto comigo
Onde estas?
Quero te mostrar este brilho que trago no olhar
Quero sentir te nos meus braços
Dizer te tudo que me és
Enquanto descansas no meu peito
Quero sentir o que é o teu sorriso
Ver o teu olhar doce
Sentir o teu cheiro e calor
Onde estas?
As estrelas estão quase a desaparecer
Não é como as horas que passo contigo
Que alem de não se apagarem
Também são eternas
Já este amanhecer é tão fugaz e rápido
Que passa mais rápido que os dias contigo
Onde estas?
Fica para amanha então...
Talvez amanha acorde contigo ao meu lado
E vejas tudo isto comigo.ou depois ... ou depois...
Quem sabe um dia...
Um dia que não tenha de perguntar onde estas
Pois vou estar abraçado a ti.
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