Cinzas

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Ficou a pairar um cinzento ar de desespero
As estrelas brilhavam apenas uma partida sem chama
Essa perdeu se num peito cheio de estrondoso vácuo
Perdido numa mente rebelde oca de ideais
Levado a viajar em busca do seu próprio vazio
Vagueando por um caminho perdido de sentido
Sem se prender ao chão do real nem sentir o céu que o aconchega
Rodeado de pequenas luzes
Cores sorrisos e cheiros de um ontem que nunca mais chega
De um amanha perdido num tempo que ele não viveu
Um ele que não existe para alem do seu fogo
A sua vida arde apenas sem rumo
Preso a um passado de memorias falsas
E no final descobre apenas que o presente é um sonho
O seu destino é desaparecer
A sua vida futura apenas as memorias de quem o viveu
Uma forma de vida agarrado numa chama
Sem corpo vagueia numa memoria
Um dia até esse sonho se acaba
E a sua historia queimada
Apenas cinza que voa no mesmo chão que um dia calcou

Foto : www.olhares.com/sindome

7 comentários:

A Coração disse...

Dizem que tudo pode renascer das cinzas. Até um sonho acabado, se ele for mesmo verdadeiro e valer mesmo a pena.

Pan disse...

"De um amanha perdido num tempo que ele não viveu"

Nao viveu, mas vivera... e as cinzas no chao, serao apenas pedaços de um passado k nao voltara...

delusions disse...

Bom ano*

Tânia Silva disse...

Nunca subvalorizar o poder que a vida tÊm em trazer coisas que tu pensas, acabadas, poeiras , assentes na solidão.
Tudo acontece , mas não esperes pelo tudo ou por coisa alguma.
Se forem de facto concretizáveis , irão nascer num amanhã proximo , sem que o esperes raiar.


Mais um belo texto , cada vez melhor Edu!
Cada vez melhor*

p.s : adorei a musica do teu blog

Tiago Faller disse...

Belo blog!

Um ótimo texto somado a um layout maravilhoso! Parabéns!

Esmeralda disse...

Tenho um livro de vida idêntico a estas muitas e belas palavras.
Um livro que fala de uma teimosia…
…a teimosia de não querer amar.
Uma teimosia quebrada por uma teimosia ainda maior, a de um súbito amor inesperado.
Tenho um livro…
É meu, todo meu, escrito apenas por mim, lido apenas por mim, guardado apenas por mim, e um dia, será queimado, destruído, morto somente por mim.
Já o tentei fazer desaparecer, perder-lhe o rumo, mas, por um qualquer motivo, não me larga. Bem tento ler outros contos tão ou mais engraçados, contos de rir, contos de chorar, mas este, este livro de vida, é bem mais teimoso que a teimosia de não amar ou a teimosia do súbito amor inesperado.
Este livro, tão meu, continua a desfolhar-se enquanto durmo, enquanto sonho, enquanto vivo e respiro.
É um livro malvado…

Shadow disse...

Sempre lindo!
Sempre intenso!

Bjs,

Shadow