Sou alguém que caminhou sozinho
Sem tempo para misericórdia, sem vontade de perdão
Remorsos algo que sou culpado de não ter
Tenho o cuidado de me proteger
Não quero ser infectado por algo que me diminui
Ainda assim não passo de uma doença social
Um imoral sem deus nem credo
Se estiver certo não perco nada
Se estiver errado perco tudo o que vivi
Perseguido por todos que me rodeam
Ergo paredes que me querem prender
Para o final que se aproxima vertiginosamente
Mas, e se eu sou realmente apanhado
Culpado de todos os medos
Sentenciado por algo que não acredito
Sou a mente rebelde...um fugitivo demente
Numa confiança perdida talvez....
Mas quem és tu para me julgar?
Se me fizeste a tua imagem....então nada é o que parece
A sujidade que me enche os olhos és tu
Nada mais que luxuria me deste
Repetido uma e outra vez numa verdade que não confessas
Numa sinfonia de duas mentes perdidas nesta cidade
Um purgatório que ninguém quer ouvir
Decides quem nasce e morre...eu apenas revivo esta tua lama
A tua ansiedade...Numa rua onde ninguém se da ao trabalho de dizer ola
As despedidas essas envoltas em cerimonias que se perdem no ar da memoria
Dizem o teu nome na escuridão da noite
Mas agora é muito tarde para te dizer que te abraço
Por isso escolho caminhar sozinho
Pois sei que se te apertar a mão
Tu vais me cortar os dedos
Não acredito no teu julgamento...afinal quem e que te nomeou juiz
Se tu decides quem é o culpado e a vitima
Encenas tudo num palco viciado
Em que as consequências recaiem apenas nos teus fantoches
Sou culpado apenas de me perseguir em pecados em que me deixas sem protecção
O que é teu e também meu
Se estiver certo ganho uma vida
Se estou errado perco tudo
Esta é verdade de quem aqui chegou sozinho
A verdade que te vai deixar de joelhos a ti
Enquanto eu te renego e caminho sozinho
Foto: www.olhares.com/Gracinha