Pequenas ilusões temporais
São pequenos pormenores de cetim
Que me apertam a garganta muda do teu nome
O teu cheiro nas minhas mãos vazias
Este sufocar que murmura baixinho
O vazio da casa em mim no gelo do teu silencio
Nem dou pela passagem destes sorrisos sobre o meu rosto
Que teimam em me tentar limpar a alma.
Queria tanto pegar nestas lágrimas e verte las num flute cristal
Brindar a troca do meu futuro pelo nosso
E é por isso que perco as noites
A olhar para os teus olhos cegos de mim
Num cintilar de desejo...
Te inundasse o peito com esta paixão
No momento em que deixasse cair o meu olhar no teu
Foto: www.olhares.com/maryLanda
Brilhante e colorida sinfonia
Num calmo e solene pôr-do-sol
Contemplo a orquestra de estrelas que se vai compondo
Sob a batuta de um maestro louco,
Numa sinfonia diluída em estrondosos olhares,
Sinto as palavras ficarem mudas
O doce do teu rosto espalhar-se na minha pele
O teu beijo mergulhar-me no corpo
Por dentro ganhar asas enquanto te abraço
E te elevo no céu... ai ficar contigo
Suspenso na imensidão do teu cheiro
De algodão doce
Que me dá uma vontade de te despir a alma com a boca
Sentir o teu mel lentamente a percorrer o meu sangue
No teu olhar sentir o teu sonho veludo
O teu sorriso rebentar em lindas cores no céu
Nos lençóis onde nevava o teu vazio
Cai agora o pó de um terramoto.
E hoje enquanto me dirijo à janela do quarto,
Onde antes tinha pendurado o meu mundo à tua espera
Espero agora eu pelo sinal da batuta
Para com um tom cósmico de voz
Explodir um amo-te
Existirá algo mais livre que ser teu?
Um hino de liberdade soa quando me prendo a ti
Ouves?
Foto: www.olhares.com/paulomed
Teatro sem sonhos
Acordo lentamente..só e fria num sombrio amanhecer
Envolta numa teia negra sem sabor
Ouço o cintilar das notas de revolta mas não as vejo
Quase sinto o amargo de mais um dia presa em mim...
Que foi feito de mim...tantos sonhos agora esquecidos
Nem sonhos foram...apenas desejos numa noite chuvosa
Aperta me o peito num vazio
Na cabeça lateja o pensar sem liberdade
Vem me a memoria dias cinzentos sem esperança..sem medo de perder
Sem medo de ganhar...nada tenho em jogo
Se tanto posso ser o dado que rola docemente no veludo da vida
O meu corpo um simples invólucro de um dia passado
O meu coração esse há muito tempo que não sinto bater
Gelou com o frio da minha própria censura do errado contra o certo
Onde pairam os anjos que me deviam abraçar?
Deixo então que os raios de sol me beijem a face
Não lhes sinto o sabor nem calor
Apenas quero ficar no silencio da minha inocência
Presa neste teatro, numa personagem sem vontade própria
Quero saborear a liberdade...quero sentir o toque de me soltar de mim
Mas cada vez que me tento soltar a teia...essa
Prende me com mais e mais força..
Numa melancolia previsível onde eu sou apenas o que ela me faz
A minha sombra apenas a imagem que ela quer que eu seja
Tira me a vontade de me levantar para mais um dia
Acordo lentamente..só e fria num sombrio amanhecer
Mais um dia...mais uma nota solta
Passeiam se nas paredes...já nem elas me dizem nada
Tudo parece sedento de liberdade
Tal como eu...Procuro a minha liberdade numa teia de passado
Quero por uma vez sentir a liberdade de não saber o amanha...e ser feliz
Desenho-me então feliz na areia e espero...
Talvez amanha eu seja livre ...até amanha
Foto : Especialmente cedida pela Platy
Perdidas as memorias
É dentro dos teu olhos
Que nascem os dias e esmorecem as noites
Nos teus sonhos que já não tenho
O meu sangue amadureceu enfim
Depois de tantas viagens as cegas à procura de nos dois
Embarcados num amor a deriva que finalmente afundou
Deixou no leito do mar todos esses tesouros
Os pulsares estridentes e ofegantes
Suspiros risonhos e loucuras vincadas na pele
As memorias de me desmontar na tua boca
Memorias costuradas por ti ficam agora para ser apenas ....
Um farrapo.
Foto : www.olhares.com/Gracinha
E amanha ?
A lua esta fria de um luz que reflecte o nosso interior
Nas impressões que te deixei no corpo
Não sabes o quanto me custou ignorares este amor
Nem tão pouco te importou olhar para o lado
Mas agora sou eu que te ponho a venda
E te drogo com o veneno das nossas memorias
Para que sejam elas ultima coisa que vejas
Fui reduzido a promessas
E agora que a venda escorrega da face
E a corda se liberta com o teu deslizar de corpo
Trago te me mais um pouco mais deste veneno
Vou te marcar o corpo com as nossas lembranças
Prometo que não vai demorar muito
Mas esta noite vou esperar que adormeças nas nossas memorias
Para que eu seja a ultima coisa que vez
A medida que vais perdendo a consciência
Vou te enchendo de nós desde os teus lábios
Ao teu coração...tudo o que queria era mais um beijo
Vais perdendo a consciência e eu ganhando confiança
Hoje a noite vou esperar para te envenenar com as nossa memorias
Hoje vais adormecer rápido...
Espero apenas que seja a ultima coisa que vez
Amanha não te lembraras de mim...nem eu de ti
A ultima coisa que verás seja eu
Foto : R. - a anonima lol
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