Dialogos com o espelho - I

Olá tu
Já faz tempo que não te via...
Ainda estas com vapor de agua no olhar
E essa cara de desassossego acesa
Sou o teu reflexo no espelho
Como tens passado?

-Estou como vez

De verbo na boca e sombra na alma...

Ainda procuro uma forma de curar

Toda esta dor de auto negaçao

De perder a cegues de mente que gela o coração

Não peças que tenha pena de ti
Quero mais é que adormeças nesse frio
Que quebres em pedaços todo o teu corpo
Que soltes a sombra negra do teu ser
E que ela te destrua todo o homem que és
Ate ficar apenas esta alma negra que te tornaste

Olá espelho

Eras em tempos meu amigo

Como tens passado?

Não te deixes enganar por estas lágrimas

São apenas vapor de agua mergulhado no sonho

Estes nós na garganta não são do frio

E os sonhos não me fazem gelar

E a alma porque me doí...talvez pela sua insistência

Por escolher sempre o caminho mais fácil

Sabendo que esse mata o mais feliz

Este corpo já não parte

Pois dele já nada sobra

Falta o recorte de umas mãos a tocar me

Aquelas que me faziam florir fôlegos

O meu escuro ser já não se liberta deste corpo

Falta lhe a vontade de sair do chão

Já não me sinto menino

Olá Tu
Reflexo de mim
O ódio de mim
Eu que antes tinha tanto de ti
Agora resta apenas ódio sombrio de mim em ti

Olá espelho

Eu que antes navega sorridente no teu olhar

Agora me afundo na areia funda de um mar que não voltarei a sonhar

Olá Reflexo de mim
Deixa me sair desta prisão sem paredes que me tornei
E apenas desaparecer
Existir apenas num reflexo partido


Foto: http://m-fm.deviantart.com/