Dialogos com o espelho - VI de VIII

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Bom dia espelho
O sonho já não ilumina esta alma escura
O frio parte o pouco que ainda resta dela
Em estilhaços de pó que me cobrem a vista
Já mal consigo caminhar sem tropeçar
A vida esvaziou-se-me das veias
Percorre agora uma calçada morta
Escorre em letras que já não sei dizer
Cada dia que passa a minha alma
Submerge dentro de um fundo poço de esquecimento
E eu apenas me debruço na beira a olha lo a afundar
A minha volta fecha se um circulo de medo
Tão espesso que nada o atravessa
Nem a luz do amanha
Resta-me este olhar branco
Sem a nostalgia em alvoroço
Apenas me deito nas palavras com musgo
Numa qualquer pedra da vida do meu passado
Todos os momentos agora me são invisíveis
Deixei de sentir o sorriso na espuma do mar
E o sonho no nevoeiro do vento
Só me apetece desmanchar me no suor da memoria
Mas ate ela já me escapa do peito
...
Bom dia reflexo
Abre a janela
Não suporto esse cheiro forte de desilusão
Não me olhes
O teu olhar não tem agora vida
Nem sussurros de ternura
Ele próprio foge do calor do dia
Gosta apenas de olhar a escuridão do vazio
Não me toques
As tuas mãos estão ásperas
Secas de ternura, encrostas de solidão abstinente
Não me fales mais hoje
Os teus lábios libertam apenas palavras semi frias
O seu timbre é recto sem o tremer de esperança
Não te quero reflectir
A tua alma perdeu a cabeceira do sonho
Já não tens o cardume de desejos
Ficou apenas a rede vazia
Ate amanha reflexo
****
Ate amanha espelho então
Vou acalmar estes suspiros de voz cinzentos
Num qualquer telhado de manhas pesadas
Com o silencio que cai vertiginosamente da minha boca

Foto: http://dyingstate.deviantart.com/



Take a drug to set you free...

1 comentários:

Charlotte disse...

Esta música ilumina qualquer alma, por isso...ânimo!
O sonho nunca morre...