Estes dias

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Por vezes
Por momentos abandono esta prisão de gelo
Onde já nem vivo, nem existo apenas...
Ando aqui emprestado
Onde me deixo estar
No vazio da minha auto negação
Mas por vezes rastejo para fora dela
De olhar rasgado parto o gelo
Não para ser mais um dia onde
Ando a vaguear pelas ruas sem chama de vida
E espalho apenas as cinzas do passado
Mas sim com esse olhar rasgado
Sentir o cheiro que me tatuaste na alma
De uma alegria de quem toca o topo do céu
Sentir a fragilidade que é sentir o teu toque
O corpo que convulsa internamente
Uma praia de sentimentos
Banhada apenas por um mar de sorrisos
Como um oásis de sonhos num deserto de vida que sou
Percorro as ruas que podiam ser nossas
De sorriso nos olhos
As mãos nos bolsos cheios de memorias tuas
E assim caminho por vezes...dançando nas tuas palavras
Como se cada calçada me sorrisse o teu nome
Cada esquina me desse a luz do teu olhar
E sentisse o teu toque em todas as folhas que esboçam ao vento
Até me esqueço que ao deitar te vou voltar a soltar
Apenas mais um beijo ao vento e um abraço oco no vazio
Antes de voltar a entrar na minha prisão
Iluminada numa luz de presença tão alta
que apenas desejo que ela
Um dia te mostre como a minha voz treme
Sempre que falamos...sempre que existem estes momentos
E por vezes ... contigo volto a ganhar vida
Esquecendo os silêncios enormes
Que me caiem em catadupa pelos olhos ...



Foto : http://m-fm.deviantart.com

2 comentários:

noname disse...

Que bom é de novo ouvir-te a voz... que bom saber-te fora do gelo que tu mesmo quebraste e caminhas na procura... que por certo encontraste.
Quero mais... Agora palavras de esperança e vida vivida mesmo que por vezes molhada pelas lágrimas mas, até elas são vida...

Paula Suspiros disse...

Adorei ... Tens um talento invejavel :)

Beijinho