A realidade Vaga ..

Marticia by ~M-FM on deviantART

As horas param no relógio de vidro
Fica apenas a suave poeira da ultima areia a cair
Lembram fogos de um verão ardido
E penso...
Desejo...
Mais um dia pernoitasses em mim
Para ai nesses momentos
Os teus sonhos fossem velas desfraldadas
Ao vento no rio do meu ser
Que corre sofregamente para o mar do meu desejo por ti
Tento respirar pausadamente mas a ânsia ...
Apenas murmura o quanto te quero
O quanto desejo que não seja uma memoria em ti
Que seja algo mais
Uma cor no céu, um sabor ao acordar...um cheiro ao vento
E nesta ânsia tento escrever todas as cores
Apenas para que pelo menos uma te amordace o fôlego
E te solte num gesto demorado ...um simples ...estou aqui
São palavras ...apenas palavras
Vão desaparecer por certo na memoria também estas
....
E num variar e outros dias avariar
Solto o gatilho da esperança
Acerto apenas no meu vazio de chuva fria
Palavras sem gestos fortes...são apenas palavras
Vão voar ...quem sabe uma delas
Enquanto na noite serrada onde sonho contigo
Pelo menos uma delas tem um gesto bonito de te beijar a face
Enquanto isso espalho apenas a sombra de um vazio pela terra
Onde espero que as tuas palavras ganhem raízes
E encham de perfume
Todos estes tropeções que os meus dedos teimam em dar
Nesta terra molhada por lágrimas
...As horas passam neste relógio de vidro novamente
E a areia cai morta sobre as outras
Tal como a maciez frustrada da minha boca sem a tua




Foto : http://m-fm.deviantart.com

Estes dias

Por vezes

Por momentos abandono esta prisão de gelo

Onde já nem vivo, nem existo apenas...

Ando aqui emprestado

Onde me deixo estar

No vazio da minha auto negação

Mas por vezes rastejo para fora dela

De olhar rasgado parto o gelo

Não para ser mais um dia onde

Ando a vaguear pelas ruas sem chama de vida

E espalho apenas as cinzas do passado

Mas sim com esse olhar rasgado

Sentir o cheiro que me tatuaste na alma

De uma alegria de quem toca o topo do céu

Sentir a fragilidade que é sentir o teu toque

O corpo que convulsa internamente

Uma praia de sentimentos

Banhada apenas por um mar de sorrisos

Como um oásis de sonhos num deserto de vida que sou

Percorro as ruas que podiam ser nossas

De sorriso nos olhos

As mãos nos bolsos cheios de memorias tuas

E assim caminho por vezes...dançando nas tuas palavras

Como se cada calçada me sorrisse o teu nome

Cada esquina me desse a luz do teu olhar

E sentisse o teu toque em todas as folhas que esboçam ao vento

Até me esqueço que ao deitar te vou voltar a soltar

Apenas mais um beijo ao vento e um abraço oco no vazio

Antes de voltar a entrar na minha prisão

Iluminada numa luz de presença tão alta

que apenas desejo que ela

Um dia te mostre como a minha voz treme

Sempre que falamos...sempre que existem estes momentos

E por vezes ... contigo volto a ganhar vida

Esquecendo os silêncios enormes

Que me caiem em catadupa pelos olhos ...



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